Requisitos para Pedir Recuperação Judicial: Sua Empresa se Enquadra?
- Benites Bettim Advogados
- 25 de jul.
- 5 min de leitura
A recuperação judicial é uma ferramenta essencial para empresas que enfrentam dificuldades financeiras, permitindo-lhes reestruturar suas dívidas e continuar operando. No entanto, nem todas as empresas podem se beneficiar desse processo.
Para entender se sua empresa se enquadra nos requisitos para pedir recuperação judicial, é necessário conhecer os critérios estabelecidos pela legislação brasileira.
Neste artigo, vamos explorar detalhadamente esses requisitos, ajudando você a determinar se essa é uma opção viável para seu negócio.

O Que é Recuperação Judicial?
A recuperação judicial é um processo legal que visa a recuperação de empresas economicamente viáveis, mas que se encontram em situação de crise financeira. Regulada pela Lei nº 11.101/2005, também conhecida como Lei de Falências e Recuperação de Empresas, a recuperação judicial busca preservar a empresa, mantendo empregos e cumprindo a função social da atividade empresarial.
Esse procedimento permite que a empresa renegocie suas dívidas com credores sob a supervisão do judiciário, com o objetivo de retomar a saúde financeira e evitar a falência.
Critérios Legais para Pedir Recuperação Judicial
Para que uma empresa possa solicitar recuperação judicial, é necessário atender a alguns critérios legais específicos. Esses requisitos são destinados a garantir que apenas empresas genuinamente viáveis e com potencial de recuperação possam acessar esse recurso.
Ser Empresário ou Sociedade Empresária
A empresa requerente deve ser um empresário individual ou uma sociedade empresária. Empresas públicas e sociedades de economia mista não podem solicitar recuperação judicial, uma vez que são regidas por normas específicas e possuem particularidades que as diferenciam das empresas privadas.
Tempo de Atividade
A empresa requerente deve estar em atividade regular por, no mínimo, dois anos. Esse período é necessário para demonstrar que a empresa tem um histórico de operações e que a crise financeira é uma situação excepcional, e não uma condição constante. Empresas com menos de dois anos de operação podem não ter demonstrado ainda sua capacidade de permanecer no mercado e de se recuperar de dificuldades financeiras.
Não Ter Obtido Recuperação Judicial nos Últimos 5 Anos
Se a empresa já obteve recuperação judicial nos últimos cinco anos, não poderá solicitar novamente. Essa regra visa evitar o uso abusivo do instituto, garantindo que apenas empresas que não tenham se beneficiado recentemente possam acessar esse recurso.
Não Ser Falida ou Ter as Responsabilidades Extintas
A empresa não pode estar em processo de falência. Se já tiver sido falida, as responsabilidades decorrentes devem ter sido extintas por sentença judicial definitiva. Isso assegura que apenas empresas com capacidade de recuperação possam solicitar o processo.
Contabilidade Regular e Atualizada
A empresa deve apresentar uma série de documentos que comprovem sua regularidade contábil e fiscal. Entre esses documentos estão balanços patrimoniais, demonstrações de resultados, relação de credores, entre outros. Esses documentos são essenciais para a análise da viabilidade da recuperação e para a transparência do processo. A ausência ou irregularidade na documentação pode ser um impeditivo significativo para a aprovação do pedido de recuperação judicial.
Idoneidade dos Sócios e Administradores
Os sócios e administradores da empresa não podem ter sido condenados por crimes previstos na Lei de Recuperação Judicial e Falências. Essa exigência garante a lisura e a ética no processo, assegurando que a administração da empresa está comprometida com a recuperação e a legalidade.
Exclusões Legais
A Lei de Recuperação Judicial e Falências estabelece algumas exclusões, determinando que certos tipos de empresas não podem se beneficiar desse recurso. Entre as exclusões estão:
Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas
Empresas públicas e sociedades de economia mista não podem solicitar recuperação judicial, uma vez que são regidas por normas específicas e possuem particularidades que as diferenciam das empresas privadas. Essas empresas geralmente têm acesso a diferentes mecanismos de suporte financeiro e reestruturação, tornando desnecessária a recuperação judicial.
Instituições Financeiras
Instituições financeiras, como bancos e cooperativas de crédito, são excluídas da possibilidade de recuperação judicial, pois são reguladas por outras leis específicas que abordam a insolvência dessas entidades. As instituições financeiras estão sujeitas a regulamentações rígidas do Banco Central e outras autoridades financeiras que oferecem mecanismos próprios de resolução de crises.
Processo de Solicitação
Para iniciar o processo de recuperação judicial, a empresa deve protocolar um pedido junto ao Poder Judiciário, acompanhado de toda a documentação necessária.
Além disso, se deferido o processamento da recuperação judicial, a empresa devedora deverá apresentar um plano de recuperação judicial dentro de um prazo específico após a aceitação do pedido inicial (60 dias).
Esse plano deve detalhar as medidas que a empresa pretende adotar para reverter sua situação financeira, como prazos de pagamento, descontos e possíveis reestruturações operacionais.
A empresa também deve fornecer uma explicação detalhada sobre as causas da crise financeira e como o plano proposto irá solucionar esses problemas.
Após o protocolo, o juiz responsável irá analisar o pedido e a documentação apresentada. Caso os requisitos sejam atendidos, o juiz poderá deferir o processamento da recuperação judicial, iniciando oficialmente o processo.
Benefícios da Recuperação Judicial
Optar pela recuperação judicial pode trazer diversos benefícios para a empresa em crise. Entre os principais benefícios estão:
Suspensão das Ações e Execuções
Com o deferimento do pedido de recuperação judicial, todas as execuções contra a empresa são suspensas, permitindo um período de estabilidade para reorganizar as finanças. Isso dá à empresa um fôlego necessário para implementar seu plano de recuperação sem a pressão imediata de credores e ações judiciais.
Renegociação de Dívidas
A empresa tem a oportunidade de renegociar suas dívidas com os credores, podendo obter prazos maiores, descontos ou outras condições favoráveis. A renegociação pode incluir a redução do valor principal da dívida, alongamento dos prazos de pagamento e até a conversão de dívidas em participação societária.
Continuidade das Operações
A recuperação judicial permite que a empresa continue operando, preservando empregos e a função social do negócio. Isso é fundamental para evitar a interrupção das atividades e a consequente falência. A continuidade das operações também ajuda a manter a confiança de clientes e fornecedores, que podem ser parceiros essenciais na recuperação da empresa.
Desafios e Considerações
Embora a recuperação judicial ofereça uma série de benefícios, o processo também apresenta desafios que devem ser considerados. A empresa deve estar preparada para uma análise minuciosa de suas finanças e operações, bem como para a elaboração de um plano de recuperação realista e detalhado.
Transparência e Comunicação
A transparência e a comunicação clara com os credores são essenciais durante todo o processo. A empresa deve ser capaz de demonstrar sua viabilidade e o compromisso com a recuperação. A falta de transparência pode levar à desconfiança dos credores e comprometer o sucesso do plano de recuperação.
Comprometimento com o Plano
O sucesso da recuperação judicial depende do comprometimento da empresa em cumprir o plano aprovado pelos credores. Isso pode envolver mudanças significativas na gestão e nas operações da empresa. A empresa deve estar disposta a fazer os ajustes necessários e a tomar decisões difíceis para garantir sua sobrevivência e crescimento futuro.
Custo e Tempo
O processo de recuperação judicial pode ser custoso e demorado. A empresa deve considerar os custos associados a honorários advocatícios, consultorias e outras despesas relacionadas ao processo. Além disso, o tempo necessário para a aprovação e implementação do plano de recuperação pode ser longo, exigindo paciência e resiliência.
Conclusão
A recuperação judicial é uma ferramenta valiosa para empresas em crise, oferecendo uma oportunidade de reestruturar dívidas e continuar operando.
No entanto, é fundamental que a empresa atenda aos requisitos legais e esteja preparada para os desafios do processo. Se sua empresa enfrenta dificuldades financeiras e você acredita que possui viabilidade econômica, considerar a recuperação judicial pode ser um passo importante para garantir a continuidade do seu negócio.
Consultar um advogado especializado em recuperação judicial é essencial para avaliar sua situação e orientar os passos necessários. A recuperação judicial, quando bem conduzida, pode ser o início de uma nova fase de crescimento e sucesso para sua empresa.




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